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Fazendo uma composteira

O ano de 2015 começou e aproveitei os dias de inicio de ano para tocar adiante alguns projetos que estavam parados. Um destes projetos era o de uma composteira grande para produção de adubo. Depois de ensaiar com composteiras menores e improvisadas, resolvi arregaçar as mangas e fazer uma composteira mais planejada numa casa de campo. Tive uma ajudante de ouro e acho que no fim das contas saiu tudo como eu esperava. Deixo então aqui alguns registros, ou melhor, passos do que foi feito.

Antes duas notas importantes:

A – Recentemente meu irmão me apresentou o livro “Manual do arquiteto descalço”. Vale muito a pela ler, mesmo que nem de longe você seja arquiteto. A proposta do livro é mais “do it your self” e lembra bastante o projeto “Open Source Ecology“. Certamente me inspirou ainda mais na construção dessa composteira.

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B – Existem muitos tipos de composteiras que são uma mistura de compostagem com minhocário. A proposta aqui é focada mais na compostagem de resíduos de jardim, isto é, em restos de folhas, galhos e cascas de árvores. Se você quer uma composteira mais diversificada, vale a pena procurar outros modelos, pesquisar antes de decidir.

Há composteiras feitas em recipientes próprios, com andares diferentes para cada estágio de decomposição:

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Já outras podem ser feitas de um único recipiente, como é o caso da que vamos abordar aqui. Alguns vem com dispositivos automatizados de movimento interno ou externo. Este exemplo abaixo é de uma composteira giratória:

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Mas também dá para fazer com materiais bem simples e até improvisados como essa mini-composteira feita de garrafas de refrigerante reutilizadas ou essa outra feita com cabos de vassoura e telas de arame.

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Ou seja, infraestrutura ou orçamento alto não são desculpas para deixar de fazer uma composteira.

E como ficou a composteira por aqui?

Passo-a-passo…

 

1 – Compramos uma caixa d’água de polietileno com tampa, com capacidade para 100 litros. Esse tipo de caixa é fácil de encontrar em lojas de materiais para construção. Como já mencionei, é possível usar outros tipos de material como baldes grandes com tampa, caixas plásticas de organização de materiais (dessas que se encontra em papelarias ou lojas de escritório) ou mesmo fazer uma estrutura com tijolos. Um amigo mostrou-me até uma vertical feita com suporte de porta-treco de tela sintética.

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2 – Junto com a caixa, adquirimos também uma conexão do tipo adaptador com borracha de vedação, destas de encanamento, de médio porte e uma torneira pequena com rosca para a valvula. A torneira serve para retirar o chorume quando este se acumular no fundo da caixa.

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3 – Marcamos com uma caneta a circunferência da conexão-adaptador e fiz o furo com um ferro quente pois estava sem furadeira no instante de fazê-lo. Depois encaixei a conexão e apertei bem com o grifo.

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4 – Fixada a conexão-adaptador, testei se não estava vazando pelos lados colocando um pouco de água dentro da caixa. Tudo certo! Depois inseri a torneirinha e fiz o teste novamente.

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5 – Aparentemente a composteira estava pronta até aqui. Mostrei o projeto para um amigo e ele me lembrou de algo essencial: bacterias aeróbicas precisam de ar. São elas que vão fazer boa parte do trabalho de transformar matéria orgânica em decomposição em insumos férteis para serem usados como adubo. O que fazer? Furos na caixa! Achei, enfim, a furadeira e fiz furos ao redor para que o ar pudesse passar mesmo com a tampa fechada.

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6 – Terminados os furos, construí uma base de tijolos sobrepostos para assentar a composteira em cima e passei então a fase mais aguardada: o preenchimento e montagem da matéria.

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7 – Comecei com uma boa camada de folhas. Coloquei mais ou menos 8 centímetros de folhas amareladas no fundo da caixa e prossegui fazendo todas as camadas do mesmo tamanho. Depois cobri com uma camada de areia. Por cima da areia, duas camadas de pequenos galhos picados já secos. Depois uma camada de terra e depois três camadas de folhas secas de pinheiro bravo. Por fim cobri com mais uma camada de terra e em cima da terra uma camada de cinzas de carvão.

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8 – E finalmente a nossa composteira ficou pronta! Coloquei a tampa e marquei a data no calendário. A cada 30 dias o material pode ser remexido para promover a deterioração completa da matéria orgânica e consequente transformação em adubo. A cada 10 dias, é necessário abrir a torneira para retirada do chorume. Se tudo correr bem, em 120 dias todo material vai estar transformado. A cor será bem preta e o formato como de migalhas. Esse adubo pode ser esterilizado deixando alguns dias abertos no sol ou levado ao forno há 200 graus por 30 minutos. Feito isso o adubo já pode ser usado. As plantas agradecem!

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Link para olhar: http://www.moradadafloresta.org.br/produtos-principal/composteiras-domesticas

32 comentários em “Fazendo uma composteira”

  1. Walter Alvim de Albuquerque

    Olá Felipe.
    Essa composteira está funcionando legal? Porque me parece que pra ela funcionar em modo aeróbico, que é o ideal por ser mais rápido e sem odores, você deveria revolver o material 2 ou 3 vezes por semana… Senão ela vai ficar em modo anaeróbico, ou seja, demorado e com um grande mau-cheiro. Além disso o chorume ficará no fundo por 10 dias, o que não é bom para a decomposição. Conte-nos como foi sua experiência. pois estou procurando modelos que funcione legal. Um abraço.

    1. Oi Walter!

      Você tem razão. Eu tive que fazer mais furos ao redor da caixa para entrar mais ar. O local onde ela fica é bem arejado, então não tive problemas com cheiro ou bichos. Ela está funcionando bem, mas como o clima de campos do jordão é super frio, ela demorou mais para decompor o material organico.

  2. Olá, tudo bem Felipe?
    Qual a capacidade de resíduo orgânico para uma caixa d’água de 100 litros?
    Vou instalar uma composteira em uma ONG que tem no máximo 10 litros de lixo por dia, mas as vezes tem menos… Tu fez alguma conta de dimensionamento?

    1. Para uma caixa de 100 litros tu pode esperar de 15 a 45 quilos de adubo a cada 90 dias. Esse foi mais ou menos meu cálculo. Varia de acordo com o tipo de resíduo que tu jogas. Cascas de frutas e verduras costumam soltar muita água e a redução é de mais de 60% do peso em material sólido.

  3. Estou para iniciar um projeto parecido, mas com caixa de 500 litros.
    Não valeria cobrir o fundo com pedras? Para separar mais facil o chorume?

  4. Olá Felipe, bom dia.
    Quero muito fazer essa composteira, porém, quais as alternativas pra trocar os galhos de folhas ?
    Outra coisa, vc não colocou as minhocas ?

    Abraços
    Flávio
    Ubatuba

    1. Dá certo sim, Vitória! Eu optei por usar a torneira para controlar a saída do chorume. Se você fizer furos embaixo (fundo da caixa), o líquido vai cair diretamente e sem controle. Nesse caso talvez seja melhor fazer algo assim na terra.

  5. Olá Felipe, bom dia,
    estou com um projeto, utilizando também caixa d’agua de 250 litros, vou colocar diariamente até completa-la nesse processo faço da mesma maneira a cada 7 dias revolver o material para a manter a aeração?

        1. Felipe,
          vou fazer com cascas de verduras e frutas, há necessidade de eu colocar terra? pensei em colocar somente o orgânico molhado(cascas) e usar serragem pra equilibrar a umidade. O que acha?

          Obrigada.
          Att. Elizabeth Morais

          1. Oi Elizabeth!

            Vc pode fazer sem terra sim, intercalando com serragem e/ou com areia junto. No entanto a terra ajuda a decompor melhor e a evitar mal-cheiro, além de ser um vetor excelente de minhocas que ajudam no processo de compostagem. A maioria das composteiras portáteis usa terra, pelo menos em pequena quantidade. Desejo sucesso aos teus experimentos!

  6. Boa tarde, estou pensando em colocar garrafas pet no fundo, ao invés de pedras, para recolher o chorume, em cima das pets tela plástica fina. Você tem alguma informação a respeito, de sua experiência?

    1. oi Ana, nunca tentei essa abordagem, mas me parece que funcionaria sim. A grande questão é a filtragem: será que essa tela plástica fina poderá conter as partículas que escorrem? Fique atenta para não gerar entupimento da saída de chorume.

  7. Olà Felipe! Estou querendo fazer um trabalho semelhante la no meu condominio so que com caixa maiores de 500litros quanto aos residuos humidos eles podem ser adicionados nessa mistura? Não queremos minhocas por là ainda assim a decomposição funcionaria bem?

    1. Olá Lara!

      Muito tempo se passou desde que fiz esse conteúdo e ao longo desse tempo tive algumas lições apreendidas. Vamos aos seus pontos:

      1. Sim, vc pode usar uma caixa de 500 litros. Algumas coisas você tem de ter em mente: Quanto maior a quantidade de matéria orgânica, mais cheio do processo de decomposição você vai ter. Seria bom você colocar essa(s) caixa(s) num lugar onde isso não seja um grande problema para as pessoas. Aumentar o tamanho também chama mais a atenção de ratos, baratas e outros bichos. Certifique-se de que a caixa estará sempre bem tampada e com furinhos de ventilação pequenos para que animais maiores como ratos não entrem. Procure também colocar folhas secas ou cinzas de lareira ou de churrasco sempre que puder por cima da mistura. Isso ajuda a manter os bichos longe.

      2. Sim, você pode adicionar resíduos úmidos à sua caixa de decomposição. Mas não deixe ficar uma quantidade enorme de líquidos acumulada. Se a quantidade de líquido ultrapassar 1/3 da medida total da caixa, você precisará esvaziar o chorume (que é o nome dos líquidos acumulados em decomposição) por uma saída de escape (eu usei uma torneira como você pode ver nas fotos).

      3. Você não precisa necessariamente colocar minhocas, a decomposição funciona bem sem elas também. Basicamente vai ser uma decomposição por fungos e bactérias.

  8. Opa até que fim consegui achar a informação correta já
    tinha passado em cinco sites antes e achei muito estranho
    as informações que estava escrito. Infelizmente na internet
    virou uma terra sem lei e o povo esta escrevendo de tudo
    e de qualquer forma. Vou compartilhar o seu artigo no meu
    instagram.

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